Meio Ambiente

Sem o casamento da razão com o coração, nunca nos moveremos para amar de verdade a Mãe Terra,
reconhecer o valor intrínseco de cada ser e respeitá-lo e nos empenhar em salvar nossa civilização

Leonardo Boff

Desenvolvimento Sustentável

O termo desenvolvimento sustentável foi apresentado em 1987 pela Organização das Nações Unidas (ONU), através de um relatório denominado Nosso Futuro Comum. E junto, seu conceito: desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atender suas próprias necessidades. Em contrapartida, questiona-se se existe possibilidade de se desenvolver preservando o meio ambiente neste sistema capitalista que visa competitividade em busca do lucro irrestrito: será “desenvolvimento sustentável”, bonitinho termo, um engodo criado, mais uma venda de ilusão a fim de maquiar a dura, desesperadora realidade do planeta? Resultados “sustentáveis” não são vistos, muito pelo contrário

ESTADOS UNIDOS
Negativas Ambientais

Agosto de 2008

Na época da Guerra Fria, as conferências realizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de 1972 sobre o Meio Ambiente Humano, não definiram políticas efetivas devido a divergências entre Estados Unidos e União Soviética.

Hoje em dia os EUA, única superpotência mundial e maiores poluidores do planeta, emitem sozinhos 21% do dióxido de carbono (CO2) mundial, recusam-se a assinar projetos de despoluição do ar, e também foram decisivos, ao lado de países árabes, na derrotada proposta brasileira em 2002, na Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável, de aumentar em 10% a porcentagem correspondente às fontes renováveis na matriz energética das nações até 2010. E posteriormente também, foi derrotada a proposta européia que elevava a meta para 15%, e ainda incluía a energia hidrelétrica no que diz respeito às fontes renováveis.

Nos últimos 11 anos, ficou bastante conhecida a recusa do presidente George Bush em assinar o Protocolo de Kyoto, que busca despoluir o ar e o aquecimento global, através de redução de 50% da emissão de dióxido de carbono – que estipulava redução de 7% para os EUA, 8% para a União Européia, e 6% para o Japão.

O amplo relatório apresentado pela ONU no 4º Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em 2007, evidenciou terríveis conseqüências do aquecimento global para gerações futuras, entre elas, de acordo com cientistas: até o fim do século XXI, a temperatura elevar-se-á entre 2,4° C e 6,4° C, e o nível do mar entre 26 e 39 centímetros, o que afetará com muito mais intensidade os países mais pobres, com grave escassez de água potável, crescimento da pobreza, redução de áreas de cultivo, aumento de doenças e desaparecimento de espécies vegetais e animais.

Nada disso, contudo, tem sensibilizado Bush: Washington mantém-se bastante resistente a qualquer diálogo para colaboração ambiental, não aceitando que países desenvolvidos possuem, conforme acordo assinado (inclusive pelos EUA) na ECO-92 (ou Rio-92), responsabilidade especial na questão, por ser exatamente os maiores poluidores – e há mais tempo, desde a Revolução Industrial, quando houve aumento de 35% na emissão de dióxido de carbono na atmosfera. A única responsabilidade que insistem ter é a de invadir países – se contiverem petróleo, claro.

Talvez o destino da humanidade seja ter uma vida curta, mas ardente, extravagante e excitante, em vez de uma vida longa, uma existência vegetativa. Talvez seu destino seja deixar outras espécies – as amebas, que não possuem nenhuma ambição espiritual – herdar a Terra ainda banhada por raios solares
Nicholas Georgecus-Rogen, “Pai da Economia”

Consulte o Glossário de Termos Ambientais

O Que É o Efeito Estufa?

Extraído das edições do Almanaque Abril – 2008 e 2003

O efeito estufa é um fenômeno natural, que mantém o planeta aquecido em limites de temperatura necessários para a manutenção da vida em seu interior. Sem ele, a superfície terrestre seria coberta por gelo e a biodiversidade, bem menor. Isso porque o carbono, componente natural da atmosfera, forma uma redoma protetora com o nitrogênio e a vaporação da água, entre outros gases, que impede a dissipação de parte da radiação do Sol, como se fosse o vidro de uma estufa de plantas.

É o efeito estufa, com sua camada de gases na atmosfera, que aprisiona parte do calor da energia solar após atingir a superfície da Terra, refletido de volta para o espaço.

Degradação Ambiental e Superaquecimento

Porém, nos últimos dois séculos tem-se aumentado vertiginosamente nessa camada a concentração de dióxido de carbono (CO2), do metano (CH4), do dióxido nitroso (N2O) e de outros gases, emitidos pelas chaminés das indústrias, queimadas das florestas, pelo escapamento dos automóveis e por fenômenos naturais, como erupções vulcânicas.

Atualmente, cerca de 50% da composição dos gases de efeito estufa é de CO2. Em 2001, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, apresentou relatório constatando que esta concentração de CO2 na atmosfera é a mais alta em 400 mil anos. Apenas em 1998, foram lançados 22,8 bilhões de toneladas do gás. Respondendo por um quarto deste total, os Estados Unidos são os maiores emissores, segudos pela China. Estimativas publicadas no World Resources 2000 / 2001, relataram que foram lançadas 718 bilhões de toneladas em todo o mundo, entre 1950 e 1996.

Os veículos rodoviários são uma das maiores fontes de CO2, lançando 900 milhões de toneladas de CO2 por ano. Em 1950, havia 70 milhões de veículos no mundo, entre carros, caminhões e ônibus. Em 1994, esse número cresceu em nove vezes, chegando a 630 milhões. A perspectiva é que alcance a marca de 1 bilhão, já em 2025.

O Futuro do Planeta

Todos os indicadores apontam para um futuro imprevisível, mas calamitoso: o superaquecimento alterará significativamente o clima do planeta, causará furacões constantes e violentos (conseqüência do aumento da pressão atmosférica por causa da temperatura), e inundações (decorrentes do derretimento das geleiras e das chuvas torrenciais, devido a maior evaporação de água). A fauna, por sua vez, sofrerá grande cataclisma: como certas espécies não se adaptam a temperaturas elevadas, elas serão extintas. Dentro do desastre do ecossistema, os manguezais serão especialmente comprometidos, mais sensíveis que são a alterações do nível do mar.

Políticas de Amenização

Líderes de 84 países assinaram, inicialmente, o Protocolo de Kyoto, através do qual os países desenvolvidos, por ser desde a Revolução Industrial os maiores poluidores os planeta, comprometem-se a reduzir sua emissão de gases do efeito estufa (em particular, o dióxido de carbono, CO2). Essa meta prevê que, entre 2008 e 2012, a União Européia reduza sua emissão em 8%, os EUA em 7%, e o Japão em 6%. Posteriormente, mais 76 firmaram o protocolo, mas os EUA ficam de fora, pois seu presidente, George W. Bush, alega que Kyoto é prejudicial à economia de seu país. Isso causou sério entrave para que se vigorasse o protocolo, que requer ratificação de países que sejam responsáveis por emitir pelo menos 55% de efeito estufa no mundo.

A adesão da Federação Russa, em novembro de 2004, finalmente atingiu o patamar de 129 países integrantes, superando os 55% das emissões. Assim, o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.

Você sabia que…

… Cerca de 18% de todos os gases com potencial de causar efeito estufa provém da pecuária, enquanto 13% provém dos meios de transporte?

WASSER ZUM LEBEN
Água para a Vida

Julho de 2008

É este o lema de projeto da ONU em favor da água sustentável no planeta, em cujo engajamento a Alemanha merece destaque

A água é um recurso não-renovável dos mais ameaçados do globo, e sua ausência torna impossível a vida na Terra

80% das doenças nos países subdesenvolvidos são causadas por água impura, segundo a OMS

Para se ter idéia da importância vital da água: ela ocupa de 70% a 85% do volume do corpo humano.
Isto também significa dizer, é claro, que sem água não há vida

Um terço dos 6,6 bilhões de pessoas no mundo, o que significa mais de 1 bilhão se seres humanos, sofre com a escassez de água, causando altíssimos índices de mortalidade infantil e fome. Apenas 0,35% da água do planeta é doce, sendo o restante marinha salgada ou gelo. Mais: 80% das doenças no mundo subdesenvolvido são causadas por água impotável, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). A escassez de água potável e mau abastecimento sanitário ou ausência dele são causas de doenças, conflitos sociais e tensões entre Estados. Por tudo isso, cientistas afirmam que a água será o grande motivo de futuras guerras mundiais.

É perante este quadro crítico que tem agido a Organização das Nações Unidas (ONU), em projeto de 2005 a 2015 em parceria com 28 países, sendo que a Alemanha através do banco de desenvolvimento kfw, e da agência de Cooperação Técnica (GTZ) está entre as três principais doadoras bilateraias, colocando o tema no topo de suas prioridades políticas internacionais. Há com o que se animar: tem havido resultados práticos no mundo, e é isso que vamos conferiri a seguir:

O IÊMEN SITUA-SE NO ORIENTE MÉDIO, na entrada do Mar Vermelho, e constitui-se em um dos países hídricos mais pobres do mundo. Conquistou independência dos domínios britânicos em 1963, aderindo logo ao comunismo, que perdurou até fins da década de 1980. Com 20 milhões de habitantes, cuja base social é tribal e a língua é a árabe, a maioria segue o islamismo e os iemenitas devem total obediência ao líder de cada tribo, o xeque, que vai á frente do Estado. Na capital Sanaa vivem 1.801 milhões de pessoas. O acesso das mulheres à educação é muito restrito no país, e a poligamia masculina é admitida.

A taxa de desemprego é alta, em cerca de 25% da mão-de-obra ativa e, embora o Iêmen possua modesta reserva petrolífera comparado à região, este produto constitui-se em 90% das exportações.

Sua história é conturbada, e recentemente enfrentou guerra civil, na década de 1990. Terroristas agem dentro e fora do país.

Aqui está um pouco do Iêmen, um dos países hídricos mais pobres do mundo, onde a água é um bem precioso.

Pois a ajuda alemã tem sido significativa no que diz respeito á água, saneando os vazamentos nas redes de canalização em três cidades costeiras, e ainda reordenando o abastecimento e o tratamento de água.

O MALI LOCALIZA-SE NO DESERTO DO SAARA, na África Ocidental, e possui um dos Índices de Desenvolvimento Humano mais baixos do mundo. Metade de sua população, de cerca de 13 milhões, não dispõe de água potável. Em Bamaco, capital malinesa, habitam 850 mil pessoas. Embora o francês seja a língua oficial do país, também são faladas várias línguas regionais, tais como o fulani, sonai, dogão e tantas outras. Tribos nômades formam a sociedade local, cuja religião oficial é o islamismo.

Nação independente da França em 1960, o Mali também possui uma história muito agitada, com feroz ditadura que perdurou de 1968 a 1991, além de sucessivos combates civis, especialmente entre o Exército e tribos.até os dias de hoje.

Neste país, onde as mulheres andam muitos quilômetros por dia apenas para obter água, levada em recipientes a suas casas, o engajamento alemão tem feito com que uma parte da população malinesa tenha acesso à água potável, e em pequenas cidades já existem redes de poços d’água , todos construídos em cooperação com pessoal alemão. E a ajuda ao desenvolvimento no Mali prossegue.

O QUÊNIA SITUA-SE NA COSTA LESTE DA ÁFRICA, e neste território está o segundo maior pico do continente, o Monte Quênia, com 5.199 metros, e um dos maiores espetáculos da vida selvagem do planeta. No país vivem mais de 70 povos tribais, que formam 32 milhões de pessoas. A capital deste mosaico cultural é Nairóbi, com cerca de 160 mil habitantes, e a religião oficial queniana é o cristianismo. O suaile é o idioma oficial, mas também se fala o inglês no país, entre outros locais.

Independente dos domínios britânicos em 1963, o país tem vivido desde então instabilidade política e social. Apoiado sobretudo no turismo, sua economia é seriamente afetada com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, levando o Quênia a uma recessão.

Neste país, tem havido reforma no setor hídrico, com assessoramento sobretudo às autoridades do ramo de água, para que seja desenvolvido um gerenciamento hídrico eficiente contruindo-se, assim, um abastecimento de água e um tratamento de água residual.

A TANZÂNIA FAZ FRONTEIRA COM O QUÊNIA, onde o altivo Monte Kilimanjaro revela-se o mais alto ponto da África, com 5.895 metros. Conquistada pela Alemanha e depois pela Grã-Bretanha, tornou-se independente em 1951. Sua população é de 37 milhões, dos quais 80% vive da mão-se-obra agrária, e o turismo é, como no Quênia, o motor da economia local.

Na capital Dodoma vivem apenas cerca de 205 mil pessoas, sete vezes menos que em Dar-es-Salaam, capital tanzaniana até 1974. Viveu sob regime socialista aproximado da China até o fim da década de 1980. Sua história e atualidade é moderada, em comparação com demais países do continente.

Neste país, desde fins da década de 1980 promove-se a construção de sistemas hídricos e de tratamento de água. Tem havido também avanços: a situação da saúde tem melhorado sensivelmente para cerca de 300 mil pessoas, e as doenças causadas pela água impotável têm diminuído claramente.

NA AMÉRICA LATINA também se faz presente a influência alemã, ali também através de seu banco de desenvolvimento kfw, e da agência de Cooperação Técnica (GTZ). Em parceria com os governos locais, contribui com instalações de irrigação de água, abastecimento de água potável e eliminação de esgotos nas pequenas e médias cidades na Bolívia. Na Nicarágua está o lago Manágua, um dos maiores do mundo e importante reservatório de água do país. Na capital Manágua os esgotos urbanos desaguam no lago de mesmo nome, e não havia até hoje nenhuma estação de tratamento para limpar a água de esgoto. Mas já está em construção uma estação de tratamento ali, com apoio de kfw e de outros parceiros internacionais, descontaminando a água e ajudando inclusive a agricultutura do país.

O AQÜÍFERO GUARANI, maior reserva de água doce da América do Sul e uma das maiores do mundo, estende-se pelos estados brasileiros de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e por parte do Uruguai, Paraguai e Argentina., com 1,19 milhão de quilômetros quadrados (imagem à direita).

A crescente retirada de água deste aqüífero devido ao crescimento de cidades e indústrias, coloca em risco sua água potável. Mas felizmente um projeto internacional para sua utilização sustentável foi iniciado em 2007, pelo Banco Mundial e pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility – GEF), em parceria com os quatro países limítrofes. E a Alemanha também tem feito-se presente neste projeto: através de seu Instituto Federal de Geociências e Matérias-Primas (BGR), promove no Paraguai com cooperação dos países vizinhos já mencionados, desenvolvimento de uma gestão unificada dos lençóis freáticos.

A BGR igualmente colabora na formação de conhecimento especializado no campo da hidrogeologia, que consiste em análises científicas do lençol freático, elaborando também estratégias para a proteção do aqüífero.

Um segundo projeto da BGR também vigora desde 2007 no Paraguai, em cooperação com os outros três países da região, cuja tarefa fundamental do Instituto alemão é aconselhar os responsáveis locais pela água, incentivar a criação de código para aproveitamento do lençol freático, e capacitar os parceiros do projeto a sensibilizar a população para o tema da água.

As doenças acusadas pela água no mundo subdesenvolvido segue muito alto, mas tem diminuído. E para seus projetos de águas sustentáveis na África, América Latina e Ásia, a Alemanha prevê aplicações de mais de 450 milhões de euros já para 2008.

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