Palavras do Coração – Poemas

Apenas com o coração é possível enxergar bem. O essencial é invisível aos olhos
Antoine de Saint-Exupéry

Ventos do Rio Grande

Os sonhos não acabaram
Em marés tropicais nos deleitamos
Ondas cálidas quebrando-se
Fragor rorejando pascigo à alma
Brisa intensa, alva areia como paina
Acalanto de refulgência inexprimível
Praia deserta e ao mesmo tempo repleta
Céu estupendo, irradiantemente próximo
Só nós sabemos quanto
Mundo lírico todo nosso

Mas apenas uma etapa da nossa vida ficou para trás
Novo universo vou apresentar-lhe
Atmosfera de paixão, a sutileza rufla livre
Levados pelo amor que nos move
Tua graça, teu pasmo, tão bem conheço
Célebre expressão de ternura
Em meio a nós, por melodioso arbítrio atrelados
Gorjeia uma formidável criação
Ânsia pelo divino, pousar em idílio de todo fértil
Vento que sopra suave, mas frio
Aljôfar por sobre as relvas trazendo um toque de esperança
Aos meus braços, você
Fragrância de afeto pampeano
Caminhos que nos mantêm na meninice eterna
É cada risada que nos estreita e desprende mais
Gládio, faz fortes e dependentes

Prometi que a felicidade seria nossa
Ares diferentes nos aguardam
Rio Grande de coração
Vigoroso, cujas águas em ostentação com a flora
Cercam-nos por todos os lados
Só para dar as boas-vindas
É o Guaíba anunciando que somos dele
A chalana acena, o pegureiro nunca nos abandonará
Áurea talhe vertida em glória
Navega pelo caminho da venturosa eternidade
A esparzir a mensagem que flameja em nosso ser
Outono lisonjeiro mimetizado
Extasiante espertar de um verão para sempre alteado

Resplendor exclusivo do que, vicejante, contemplador
Sonha, doa, Sol poente, espetáculo à parte
A Lua a reluzir em todo o Porto
Alegre por natureza, assim te amo

Uno pulsar cativando quem nos cruza
Pelos extremos da terra
Onde quer que transponhamos a corriqueira realidade
Rastro de sensação sobrenatural

Desembarcamos com o sorriso fácil
Dadivoso, nunca nos deixa
Voamos em busca de um sonho comum
Em terra de paladino Cavaleiro de Missões, paz inesgotável
A chamamos de nossa, mão estendida, colo suave
Ombro fagueiro do fiel anjo trovador
D’além estrelas pontilhando o céu azul
Celebrando a Deus que me deu você
Nenhures brilha tão fascinante
Quanto no Rio Grande do Sul

évidences d’un grand amour

M’est la mer, mes son les animals
Comme la vierge mère, l’éclat de mes signals

Mon est le Soleil, mon est le matin
À toi mon amour divin

Mes son les couleurs, mon est l’arc en ciel
Ma consolation est aussi doux que le miel

M’est la plus merveilleuse montagne, m’est la plus naïve fleur
Pour tous le nation le Saveur

Mon est l’infinit, m’est l’affaire
Tu ne sera jamais solitaire

M’est la Lune, mes son les étoiles, m’est la beauté
Je te protégerai moi-même pour toute l’éternité

A Flower Sprouts Among Stones in Afghanistan

Is there any hope to Afghanistan? Yes, there is! In the country of the Taliban and so feared warlords, the Afghan hope lies on its combatant men, and on its several brave women. For them our admiration, solidarity, and prayer; to Malalai Joya our following words of love – just because she has been giving her life away, after being expelled from the Afghan Parliament for denouncing the warlords – drug traffickers. Joya will never be killed, and her voice will be forever the voice of her people

May 18, 2009
In memory of the Afghan victims of US attacks this month


A flower sprouts among stones in Afghanistan,
there is no fertility in her land,
she has no shelter, no water,
has never known the rainbow of liberty.

In Kabul, only blood has been poured on her,
from Herat, one hears the cry of her children,
a foreign giant, the local scythe, both so mortal,
among the wondrous mountains of Kandahar,
shots have been discharged from everywhere.

There is no horizon, there is no sunlight on the flower,
she’s been trod, offended,
by herself, she has survived,
there’s a matchless loveliness in the flower,
smell of youth.

The blood of her people,
of hundreds on the ground every day,
indeed feeds her, can never choke her dreams.

From Jalalabad, one hears the sigh of the dad,
sacrificed for what? The world doesn’t know…

The cry of her raped and burned girls,
louder day by day, she cannot tolerate it anymore!

There is no song, there is no time, there is no youth,
the invaded Kabul is desolated,
cowards use the human force to gain ground,
so terribly, in the West, the other part of the globe,
people don’t know what means
such atrocities against mankind…

But rejoice, Kabul,
you’ve been chosen by Allah,
a tender flower, full of grace and vigor,
whose strength comes directly from Him,
whose daily life is given personally by Him,
whose amazing bravery marveling the whole world
more and more,
cannot be killed.

Such a flower has been giving her life away,
for the humblest, the hope,
a trod, offended, beloved beauty,
everywhere, every tongue sympathizes with her battle.

Kabul, this wonder, so especially yours,
a shared love,
the morning star over you,
scents freedom.

A flower called Malalaï Joya,
the world has learned to love you,
your fight is ours,
your water comes from Allah.

uma Coroa para você

Quanto maior o seu sonho, maior a sua luta. Muitos adorariam passar por ela, mas só de pensar facilmente desistem: “Impossível, não é para mim”. São a maioria, a maioria que lhe persegue. Eles estão no meio da multidão, a multidão que vive sem ser acrescentada e sem acrescentar nada aos outros.

Quem escala a montanha de um sonho, é um corajoso: só de haver iniciado a subida, é um guerreiro! Sabe das dificuldades da escalada, sabe que é para poucos, conhece os riscos, sabe que é diferenciado e isso incomoda muito os que estão lá embaixo. O trabalho é duro, enobrece-o. Você está nessa subida porque conhece seu potencial, mas muitas vezes a corda bambeia, vem a dúvida, e é aí que você continua e vence mais uma batalha. A multidão está lá embaixo cobrando, só olhando, e você se doando, cada dia superando seus limites.

Se você tentar escalar uma montanha, tem que sentir que vale a pena morrer por ela! Só os fortes escalam as montanhas. Os fortes têm que ter visão: visão para ver o que ninguém mais consegue ver; fé: fé para acreditar naquilo que ninguém mais acredita; iniciativa: iniciativa para tentar; coragem: coragem para ter o peito de ir até o fim! Custe o que custar…

Lá embaixo você está envolvido com a multidão, mas se elevar a cabeça acima dela você mesmo se tornará uma montanha no meio deles, e lhe farão uma oposição por isso, resistirão e lutarão contra você porque não conseguem e nem querem compreendê-lo.

O resultado dessa escalada é alguém sobretudo realizado interiormente, um espírito livre ainda que na cadeia humana, alguém que investiu alto, se doou, o que rende lucros e dividendos eternos. Tudo isso porque aqueles que confiam em Deus são como as maiores montanhas do mundo que nunca se abalam, mas permanecem firmes e fortes para sempre (Salmo 125).

Adaptado por Edu Montesanti de David Berg, em Homens da Montanha

A coragem nem sempre estrondeia. Às vezes, ela é a voz suave no fim do dia que diz: Tentarei novamente amanhã (Mary Anne Radmacher)

Aquele que confia no limite dele mesmo estabelece seu próprio limite, que é do seu próprio tamanho. Aquele, porém, que não tem em si mesmo o seu limite mas confessa que os impossíveis dos homens são possíveis para Deus, já não conhece limte, embora só não conheça limite porque aceita seu limite irreversível, e confia em Deus pela fé! (Caio Fábio)

oltre il cuore

i ricordi, desideri di stare
accanto a te, il tempo se ne va
come un attimo
io nel Tirreno, pensieri lontani
i giorni miei, ennesimi senza il tuo brio
l’insistenza ai Cieli per ti avere
ancora con me…

domando a Dio su di te
vita incrociate per il soffio dell’Eterno
giammai lo dimenticheremo
dove sarai
la notte non è mai tanto fitta
staremo sempre vicini
a braccia aperte ormai per noi
La nostra Luce è Gesù
così per te sempre sarò
sotto il stesso cielo reso a me
il tuo sguardo piacevole come il sole di novembre
ancora con me…

non so, che sfortuna, adesso dove sei
la tua compagnia ad un tratto ha lasciato
sensazione, fuoco di Stivale nella nostra anima
non c’è nessuna più forte dentro di me
potrebbe un mare di sogni riportarmi subito da te?

noi insieme, io soddisfatto come contadino negli Abruzzi
gioia mia, in qualunque posto sia
creddo che già non potrò più senza il tuo respiro
il mio domani giunto a te
profondamente mia

SANTA MARIA
Almas que Choram

Santa Maria, repentinamente o vigor da juventude / desvaneceu, sob a implacável olência do cianeto,
evaporadas 242 almas no auge do vicejo. / Santa Maria, até quando o amargor, da vida tal vicissitude?
Foram teus filhos! Pisoteados, queimados, asfixiados. / Ânsia por mundos mais dourados, / infortúnio, a sentença de seus pecados?

Rio Grande de coração, / não pudeste com imensurável desolação! / Rio Grande de Bento Gonçalves,
que vos salve! / Santa Maria do Cavaleiro de Missão, / que por cada um rogue Sepe Tiaraju. / Para mim, a mais bela és tu!
Cada alma pontilhando o céu azul, / celeste como nenhures, o do Rio Grande do Sul. / Ó Rio Grande do Sul! Ó bravo Rio Grande do Sul!

Cá, o pungente sabor de consternar. / Santa Maria, uno pulsar, / o velho Porto… Alegre não há de estar.
As ubíquas lágrimas hás de um dia enxugar. / Santa Maria, extasiante dádiva a consolar / teus filhos. Minh’alma, vem da amargura livrar.
Austrais ventos que levem seu doce afago, o de Santa Maria. / Ao repousar por sobre tuas relvas, há de livremente ruflar
cada alma, a de teus 242 filhos. / Cá, cá, Santa Maria, díspar pesar!

Santa Maria, a busca pela saída, a dor, / de teus filhos o desespero, contra cada um o torpor
dos usurpadores do poder, teu ingente pundonor / há de se impor. Em meio ao espetáculo midiático do horror,
teu colo suave, aljôfar pampeano, a fragrância de teu amor.

Vai, sutileza incomparável – a tua, Santa Maria: / dá a cada um teu cálido manto, / fiel ombro fagueiro. / Pôr do sol, o Guaíba é todo pranto. Suas vicejantes margens já não mais espetacularizam, / excruciantes: choram almas, clamam copiosamente;
a teus filhos que se foram, o resplendor do Pegureiro, / da chalana compassivamente / a acenar, para neles eternamente raiar.



LUTO. Por cada vida criminosamente perdida em Santa Maria; pelo caos sistêmico do Brasil, assassino de corpos e até de almas
LUTO. Por uma sociedade insensível, sem memória, fria, passiva; por uma Imprensa que, em crise, busca na desgraça sua graça

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